quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Mouchette - A Virgem Possuída

Mouchette - A Virgem Possuída
Ano: 1967
Direção: Robert Bresson

Objetivo. Talvez não seja a melhor palavra para classificar esta obra de Bresson, mas se encaixa muito bem na trama.
Trata-se de uma menina de 16 anos que vive entre o desprezo da população da cidadezinha onde mora e a vida difícil em que cuida da mãe que tem uma doença terminal e do irmão recém-nascido.
O filme, que pode ser considerado curto para a maioria dos espectadores, se comparados com outras obras, é direto, duro e inexpressivo e, acabamos criando todo o sentimento (que gostaríamos que Mouchette transmitisse) e que propositalmente não foi passado. Apenas os fatos estão relatados no filme. A história da menina desprezada que cuida da mãe. Nenhum sentimento, nenhuma dor é mostrada, a não ser pelas lágrimas que caem de vez em quando dos olhos da menina.
Pouquíssimos diálogos são usados nesta obra. E não sentimos falta dele, tamanha a variabilidade de ações que ocorrem nas cenas e que, por elas, já somos capazes de saber o que está acontecendo. Realmente a inserção de diálogos seria desnecessária para o entendimento da trama.
A construção dos planos neste filme de Bresson é bastante curiosa. Na sequência de cenas em que Mouchette está no carrinho de bate-bate, sabemos que muitas outras pessoas, além do garoto com o qual ela está brincando, também estão lá, porém, só vemos o perfil delas, ou o rastro quando passam rápido pela câmera. As únicas pessoas que somos capazes de identificar nesta cena são a Mouchette e o garoto. A sequência é absolutamente fantástica, tantos em termos de decupagem, como montagem.
Além desta variação de cenas, também é possível identificar inúmeras outras construções "poderosas" e, porque não falar o filme inteiro!
E... Compará-lo com Dogville, ou mesmo dizer que Lars Von Trier se inspirou nesta obra para criar seu filme é um atentado ao Cinema.

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