terça-feira, 23 de agosto de 2011

Chinatown

Chinatown
Direção: Roman Polanski
Ano: 1974



     Apensar de ter sido filmado em película colorida, é claramente um filme noir, ou o que foi chamado na época de neo noir. A figura tão dramática do detetive, não só ajuda a compor o filme dentro destes padrões noir, como também é uma parte intrínseca na realização do mesmo, como se ele já fosse o filme em si.

     Logo nas primeiras cenas do longa-metragem de Polanski, vemos muitas influências da fotografia noir, de sombras de venezianas e até mesmo, uma ausência de luz nos ambientes, além também, do uso de cores escuras enfatizando a dramaticidade da obra. A ausência de luz é parte importantíssima da construção da trama, que é a respeito da falta de água em Los Angeles. Esta luz “baixa” causa no espectador uma impressão seca, tornando o filme bege, areia, assim como são as regiões que sofrem com a falta d’água.
     Com a intromissão do detetive Jake Gittes, que se dá por acaso, na questão da falta d’água, surge no filme uma hipótese: um grande desvio e trucagem podem ser responsáveis pela seca em que Los Angeles vive. Esta característica de corrupção ajuda mais uma vez a construir a ideia de filme noir.
     Durante a trama e a tentativa de Gittes para descobrir o que se passa, planos muito curiosos são filmados, como por exemplo, quando Gittes está fotografando duas pessoas por de cima do telhado, o reflexo destas duas pessoas aparece na lente de sua câmera. O mais curioso, é que elas não estão de ponta cabeça, como deveriam estar em termos reais e técnicos.
Outra construção boa de plano, é a briga em que Gittes se envolve, juntamente com os fazendeiros de uma região que vai visitar. Quando dão um soco em Gittes e ele cai no chão, desmaiando, a tela escurece, num fade out. Quando Gittes acorda, a tela volta a ter imagem, num fade in.
     Na cena em que Gittes e Evelyn conversam e que a mesma quer ir embora, os dois personagens aparecem de perfil e, ao mesmo tempo, é possível ver o manobrista indo pegar o carro de Evelyn, criando uma impressão de maior profundidade do plano.
Praticamente em todas essas tomadas, não há outros tons, que não beges. Quando o sol aparece, é para criar um contraste maior, assim como acontece nos filmes noir. O céu também aparece, talvez para contrastar com os tons secos do filme.
     Por fim, a questão da seca do filme ajuda a criar um filme privado de muita luz, trabalhando em sua maioria com sombras e construções beges ou alaranjadas. A montagem às vezes lenta e com planos longos, cenários exuberantes, mesmo mostrando um problema, faz o espectador criar uma curiosidade, um anseio para descobrir o que vai acontecer.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Death Proof

Kurt Russel como Stuntman Mike

À Prova de Morte

Direção: Quentin Tarantino
Ano 2007

     Sensual. Estonteante. Até deixamos passar os diversos defeitos de edição... (Da primeira vez em que vemos o filme.). Filme para fãs de obras de ação dos anos 1970.
     Não é no roteiro que nos atentamos. A história em si é uma loucura só. São sequencias excelentes. Trata-se de um dublê, que usa seu carro para fazer vítimas. Simples.
     Kurt Russell é o "matador" das meninas bonitas que "entram" em seu caminho. Este sim é um papel a que devemos reverenciar. Ele surge apenas como um cara, que inicialmente, parece um tarado, aproveitador de jovens. Mas a realidade, é que trata-se da personagem central, desenvolve-se bem e tem uma característica que depois aparece em todo o resto do filme: Stuntman Mike (Russell) é um adorador de pés.
     Uma das melhores sequencias do filme é justamente quando ele escolhe as três próximas vítimas e, então vai observá-las mais de perto. Neste momento, se depara com os pés de uma menina, que estão para fora do carro. Enquanto ela dorme, ele beija os pés da menina, acaricia... E esta é apenas UMA das várias cenas em que o Tarantino - pedólatra, com certeza - explora os pés das garotas.
     Outra sequencia de arrepiar, é na primeira batida de carros. É possível ver o choque dos automóveis bem detalhadamente e de vários ângulos, cada ângulo mostrando o que aconteceu com uma das garotas. Sensacional!
     Mas a principal cena não é nenhuma destas. Trata-se (talvez) da mais famosa dança erótica do cinema. Arlene (Vanessa Ferlito), tem que cumprir uma promessa que uma de suas amigas fez aos ouvintes de sua rádio. Impossível descrever a cena. Apenas assistindo o filme para compreender o porquê de tanta euforia quando alguém fala desta cena...



sábado, 6 de agosto de 2011

TRON - Uma Odisséia Eletrônica

TRON - Uma Odisséia Eletrônica
Ano 1982
Direção Steven Lisberger


Ainda não sei definir se me senti dentro de um computador ou "assistindo um video game". A melhor característica deste filme é que existe a possibilidade de inúmeras interpretações.

Tron (1982)

Amadurecendo o filme na minha mente, a comparação mais sólida que eu consigo fazer é com um ambiente corporativo (Mas ao assistir o filme, não fique atento à história, e sim, aos detalhes de imagem, criação, composição da obra, efeitos visuais...). Aliás, trata-se justamente disso. Projetos que são roubados e criam a trama toda de Flynn (Jeff Bridges) tentando invadir os computadores da Encom - para provar que eles quem roubaram suas ideias.
Quando em um ambiente de trabalho, alguém não se sentiu trapaceado, pois suas ideias "ganharam" outros autores? A comparação para mim ainda é até mais ampla, não só conceitualmente, mas também fisicamente - achei a comparação de um open space de trabalho com placas de computador genial.

Imagino que para quem viu este filme em 1982, era tudo muito louco e inovador - afinal, era uma das primeiras obras cinematográficas a tratar do assunto   computador, sistema, usuário ou programa. Sei de uma pessoa que viu o filme na época em que foi lançado e que se arrepiava cada vez que passava a sequência das motinhos fazendo a curva em 90º. Foi uma revolução em termos tecnológicos, gostaria de saber mais sobre a época para sentir essa emoção também, pois a verdade é que quem vê o filme hoje, acha todos os efeitos toscos, quando na verdade, eram geniais!

Ainda não vi Tron - O Legado, mas com certeza, o impacto hoje é bem menor - se é que existe - do que para as pessoas que viram o filme em 1982. Deve ter sido uma loucura! E para quem não viu o making of, vale a pena também! Super divertido ver como eles inventaram literalmente todos aqueles efeitos - e ver os atores falando da roupinha que tiveram que vestir é mais engraçado ainda!!! Recomendo.