quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Salò ou 120 dias de Sodoma

Salò ou 120 dias de Sodoma
 Direção: Pier Paolo Pasolini
Ano: 1975

Repulsivo. Arrepiante. Se eu pudesse classificá-lo em algum gênero, classificaria como um filme de terror. E o pior, ou o melhor que eu já vi.
Não é à toa que na capinha do DVD, logo na frente está escrito: “Proibido para menores de 18 anos – Desaconselhável para cardíacos e pessoas nervosas”. E é verdade.
Tudo acontece em Salò, uma comunidade italiana, que serviu de capital do estado-fantoche de Mussolini apoiado pelos nazis, a dita República Social Italiana, também conhecida como República de Salò. (WIKIPEDIA, 2010)
Os homens tratavam de selecionar os jovens homens e mulheres para a orgia que fariam mais tarde, trancados numa mansão. Quando já estavam lá trancados, as mulheres contavam histórias “estimulantes” sobre os ciclos de Dante e de Sade: O círculo das manias, o círculo da merda e o círculo do sangue.
Era como no fascismo. O “Estado” – no caso do filme os “Senhores líderes” – era superior à soma dos indivíduos – no caso do filme, os jovens – que formavam a “sociedade”, ao invés do Estado existir para servir. Todos os assuntos dos jovens pertenciam aos “Senhores Líderes”.
Enfim, Pasolini transpõe a história que a Itália viveu em orgias e comportamentos sexuais anormais. Trata-se da mais pura aberração histórica em forma fílmica. Alucinante. Talvez seja o retrato mais fiel de um fato histórico que eu já vi.

Mouchette - A Virgem Possuída

Mouchette - A Virgem Possuída
Ano: 1967
Direção: Robert Bresson

Objetivo. Talvez não seja a melhor palavra para classificar esta obra de Bresson, mas se encaixa muito bem na trama.
Trata-se de uma menina de 16 anos que vive entre o desprezo da população da cidadezinha onde mora e a vida difícil em que cuida da mãe que tem uma doença terminal e do irmão recém-nascido.
O filme, que pode ser considerado curto para a maioria dos espectadores, se comparados com outras obras, é direto, duro e inexpressivo e, acabamos criando todo o sentimento (que gostaríamos que Mouchette transmitisse) e que propositalmente não foi passado. Apenas os fatos estão relatados no filme. A história da menina desprezada que cuida da mãe. Nenhum sentimento, nenhuma dor é mostrada, a não ser pelas lágrimas que caem de vez em quando dos olhos da menina.
Pouquíssimos diálogos são usados nesta obra. E não sentimos falta dele, tamanha a variabilidade de ações que ocorrem nas cenas e que, por elas, já somos capazes de saber o que está acontecendo. Realmente a inserção de diálogos seria desnecessária para o entendimento da trama.
A construção dos planos neste filme de Bresson é bastante curiosa. Na sequência de cenas em que Mouchette está no carrinho de bate-bate, sabemos que muitas outras pessoas, além do garoto com o qual ela está brincando, também estão lá, porém, só vemos o perfil delas, ou o rastro quando passam rápido pela câmera. As únicas pessoas que somos capazes de identificar nesta cena são a Mouchette e o garoto. A sequência é absolutamente fantástica, tantos em termos de decupagem, como montagem.
Além desta variação de cenas, também é possível identificar inúmeras outras construções "poderosas" e, porque não falar o filme inteiro!
E... Compará-lo com Dogville, ou mesmo dizer que Lars Von Trier se inspirou nesta obra para criar seu filme é um atentado ao Cinema.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Viridiana

Viridiana
Ano 1961
Direção: Luis Buñuel

Viridiana é jovem e está prestes a tornar-se freira. Sob ordens da Madre superiora, vai visitar seu tio, o último parente ainda vivo. Passa alguns dias em sua casa até que perceba que ele está tentando seduzi-la, pois ela o lembra de sua esposa. Logo que consegue sair da casa do tio, Veridiana recebe a notícia de que ele cometeu suicídio e então tem que voltar. Ela decide desistir da vida de freira e passa a abrigar moradores de rua nos arredores da mansão que pertencera ao tio, porém, os mendigos não se comportam como ela havia esperado, fazendo com que ela tenha que desistir de ajudá-los para então, cair em tentação...

Tudo parece muito bom na vida desta pobre mulher que tem um coração tão bom, exceto pelas pessoas a sua volta. E isso foi em 1961. Imagina hoje se a gente encontra uma pessoa tão boa, capaz de abrigar moradores de rua em sua própria casa. Imagina alguém desistir do luxo. De tentações. Difícil. Viridiana tenta, mas parece que as tentações a perseguem. Os pecadores estão por todo o canto.

Mas já que ela tentava ajudá-los, porque então não são capazes de respeitá-la? Porque o tio de Veridiana não a respeitou, quando esta decidiu ser freira, porque ele tinha que seduzi-la e magoá-la? As pessoas não podem mais ter pureza neste mundo. Estão todos condenados ao pecado?